quinta-feira, 21 de junho de 2018

Vamos lá para a história (bem) resumida de uma cidadã européia - a minha!

Meu nome é Amable (era para ser Amabile, mas o escrivão "comeu o i"...rs), 37 anos, divorciada, mãe de uma lindíssima de 16 anos, Ítalo-brasiliana (no Brasil de Minas Gerais e na Itália de Rovigo) por origem e cidadã do mundo por convicção (atualmente moro em Portugal), pós-graduada em humanas (e acabo de passar na segunda colocação na admissão a um mestrado aqui de Portugal...uhúúú), adepta à física quântica (espiritualista e espiritualizada), politizada (mas supra-partidária), questionadora, curiosa, vegetariana e apaixonada pela Itália, Portugal, pela vida e pelas boas relações interpessoais. Minha ligação com a Itália começou, na verdade, antes de eu nascer, com a escolha do meu nome, que é uma homenagem à minha antenata italiana, que migrou para o Brasil junto ao seu esposo (de quem eu herdei o sobrenome) e filho. Após eles, vieram as gerações de italianos nascidos no Brasil, dentre eles, eu. Na verdade, meu nome completo (4 nomes!) metade (nome/sobrenome) é um "tributo" à minha antenata italiana e a outra metade (nome/sobrenome) à minha antenata portuguesa...rs...eu brinco que eu sou um "tributo às antenatas"...rs Desde criança eu sempre ouvi falar a respeito da Itália e minha nonna (que hoje também é reconhecida e completou seus lindos 80 anos antes de ontem e eu e minha filha acompanhamos a festa via webcam) sempre "parlava un poco da lingua" e as comidas típicas sempre estiveram presentes em encontros de família. Minha família é um tanto quanto exótica...rs...meus pais se conheceram em um centro religioso e se casaram após seis meses que se conheceram! Ele, à época, com 53 anos (viúvo do primeiro casamento e com 6 filhos) e minha mãe - acredite- aos 19 (solteiríssima)...rs...minha mãe brinca que quando eu nasci ela não sabia fazer e meu pai já tinha esquecido, por isso nasci essa peça rara...rs. Quando minha mãe estava grávida de mim, minha nonna estava do meu tio e a minha tia do meu primo, então, imagina a festa de criança que foi na família numa tacada só!...rs. Eu sou a neta mais velha dos avós maternos, a única filha da minha mãe (rs) e a "rapa do tacho" das mulheres por parte do meu pai. Sempre fui uma criança com muita energia (e tenho até hoje!). Nunca tinha tempo ruim pra mim e eu era sempre a "defensora dos frascos e comprimidos" (como dizia minha mãe) e a líder de todas as brincadeiras (e peraltices também...rs). Meu pai, apesar de descendência portuguesa (que eu vim a descobrir anos depois, quando resolvi fazer minha genealogia tanto materna quanto paterna), sempre foi apaixonado pela Itália (e cantava lindamente várias músicas), aliás, meu pai (que, infelizmente, faleceu há um ano) era um gentleman e de um caráter ímpar! Vindo de uma família de intelectuais (escritores, advogados, dentistas), sempre nos concedeu conforto (à medida do possível), mas não luxo. Sempre nos ensinou o valor das coisas - não o preço. Minha mãe é da mesma índole, advida de uma família de italianos do Norte (agricultores, comerciantes e lavradores). Os dois tiveram uma infância/adolescência difícil em vários aspectos e, visando trilhar seus próprios caminhos, ambos deixaram o ninho das suas famílias muito cedo e sempre conquistaram tudo através dos seus próprios méritos, trabalho árduo e muita generosidade. E foi justamente a base dessa família, que sempre valorizou a minha educação, que pude também trilhar o meu próprio caminho. Aos 19 anos (também...rs) conheci o meu ex-marido e dividia com ele (assim como com todos os meus amigos e familiares) o meu sonho de ir pra Itália. Eu sempre fui aquela diferente da turma: enquanto minhas amigas sonhavam em casar e ter filhos, eu queria ser médica veterinária, ir pra Itália e conhecer o mundo todo, mas não tinha a menor coragem de deixar minha família (principalmente meu pai e avós, que já estavam com a idade avançada). Acontece que eu casei. E tive minha filha (o maior presente que Deus poderia me dar). E fui viver minha vida junto ao meu núcleo familiar naquele momento, mas sempre com o apoio incondicional dos meus pais (em todos os aspectos). Aí os meus planos tiveram que ser um pouco adiados. Aos 23 anos, após inúmeras tentativas de salvar uma relação (qua já nasceu "morta"), me divorciei (graças a Deus...rs) e, quando minha filha tinha 4 anos, retomei meus estudos. Mas à época eu já não tinha mais a condição de cursar medicina veterinária (um sonho de criança), então comecei Biologia. Fiz três períodos e meu pai adoeceu (consequência de um Mal de Parkinson, ocasionado por um episódio extremamente desagradável na década de 90),e, aos poucos, ele foi perdendo tudo o que tinha (saúde, dinheiro, menos a integridade e a dignidade). "Parei" a minha vida e fui cuidar dele (pois à época ele e minha mãe já tinham se divorciado). Ele melhorou, graças a Deus! Só que eu fiquei dois anos mais ou menos "vagando", trocando de um emprego pra outro (cheguei até a trabalhar em uma veterinária...rs). foi quando eu tive realmente tempo de "sentar a bunda na cadeira" e passar noites a fio pesquisando sobre a minha origem italiana. E como foi complicado! fiquei entra vários comunes "piu piccolas", já que poucas pessoas da família tinham informações concretas, que pudessem embasar as buscas. Com muita dificuldade localizamos o comune e, com auxílio de um primo de segundo grau que residia (e reside até hoje) na Itália,conseguimos os documentos (que estavam vencidos à época da entrega da documentação no Consulado e tivemos que solicitar novamente...rs) Em 2007 uma senhora amiga da minha família me disse pra tentar uma bolsa em uma universidade. Tentei,passei e cursei (por 5 anos). Nessa época fui trabalhar em telemarketing (pois era a única oportunidade que eu tinha de conciliar os estudos, ser mãe e trabalhar). Contar com meu ex-marido?Esquece! Mas eu tinha duas aliadas: minha mãe e minha ex-sogra (hoje falecida). Em dezembro/10 entrei com o pedido de reconhecimento no Consulado Italiano no Brasil e me preparei pra aguardar uns 10 anos na fila. Enquanto isso, eu estudava. E foi assim, aos trancos e barrancos, que em 2013 me formei e meu pai estava lá presente (lindo como sempre, na sua cadeira de rodas) junto da minha mãe (eles se casaram novamente em 2010 e minha mãe sempre cuidou dele com muito amor), minha família e amigos íntimos! Como eu rezava pro meu pai viver pra ver isso!Nossa! Eu sempre ficava fazendo "permuta com Deus": "deixa meu pai viver pra ver isso, senhor, pra ver aquilo"...a última "permuta" foi pra ele fazer os 90 anos (que já estávamos organizando a festa junto a ele, que era lúcido, apesar da doença), mas ele faleceu um mês e meio antes da festa. Meu mundo caiu totalmente! Foi quando pensei: "minha filha já cresceu e é minha parceira de vida, meu pai não está mais aqui entre nós, minha mãe está nova e saudável, assim como o restante da minha família...não há nada que me prenda mais aqui!" Meu pai faleceu em maio/17 e eu tinha uma viagem marcada (há mais de seis meses, que juntei "pratinhas pra ir"...rs) para Portugal, em junho/17, ou seja, um mês após seu falecimento. Dessa vez fui sozinha (sem a minha filha), pois a minha intenção era conhecer o país, a convite de um amigo à época (que hoje é meu namorado). E conheci Portugal, e me identifiquei. Me senti em casa. A cada lugar que eu ia, via meu pai (e tantos outros integrantes da família Silveira) se expressar (nossa, como ele era um português raiz!Tirando o bigode...rs). E me apaixonei por Portugal e por sua gente. Em dezembro/17 (após 7 anos na fila espera no Consulado) eu e minha nonna (fiz questão de entrar com o processo dela também, assim como o de todos da família italiana que quiseram ser reconhecidos com a nacionalidade italiana) fomos reconhecidas italianas, finalmente! Após muita luta, espera e sacrifício, saiu! - e será objeto de outro post esse assunto. Foi quando eu planejei a mudança minha e da minha filha a Portugal (mas nunca esqueci a Itália, que já tinha conhecido em uma viagem anterior, mas será tema de outro post...rs). O que mais pesou na minha escolha por Portugal foi o custo de vida, a facilidade de adaptação à cultura europeia (por mais que sejamos originários de europeus, estaríamos em outro país) e à língua. Pedi licença para continuidade dos meus estudos no meu trabalho e viemos na cara e coragem. Em um próximo post explico como foi a adaptação aqui...rs

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