sexta-feira, 27 de julho de 2007

Amor no Século da Pressa (Luis Fernando Veríssimo)

Quem não gosta de ser amado? Ser paparicado? Receber atençãoespecial, presentinhos e beijinhos doces?Quem não gosta de surpresinhas gostosas, beijo na boca e abraços apertados?Quem é que de livre e espontânea vontade prefere a solidão a uma boacompanhia?Ora, todo mundo quer uma boa companhia e de preferência para o todosempre.Mas conviver com essa "boa companhia" diariamente por 3, 5, 10, 15, 25 anos que é o difícil.No começo dos relacionamentos e até 1 ano de vida amorosa, tudo sãomais ou menos flores, (se o seu relacionamento tem menos de um ano e já é maisde brigas e discussões, caia fora dessa fria). Não adianta você dizer depois de três meses que "encontrou o amor desua vida", porque o amor precisa de convivência para ser devidamentetestado.Nesse mundo maluco e agitado, as pessoas estão se encontrando hoje, se amando amanhã e entrando em crise depois de amanhã.Uma coisa frenética e louca que tem feito muita gente, que se julgavaequilibrada, perder os parafusos e fazer muita besteira.Paixão, loucura e obsessão, três dos mais perigosos ingredientes que estão crescendo nos relacionamentos de hoje em dia por causa da velocidade dasinformações e o medo de ficar sozinho.As pessoas não estão conseguindo conviver sozinhas com seus defeitos,vícios e qualidades, e partem desesperadamente para encontrar alguém, a tal da alma gêmea, e se entregam muitas vezes aos primeiros pares de olhos quepiscam para o seu lado.Vale tudo nessa guerra, chat, carta, agência, festas e até roubar oparceiro de alguém. É uma guerra para não ficar sozinho. Medo? Com medo de se encarar no espelho e perceber as própriasdeficiências?Com medo de encarar a vida e suas lutas?Então a pessoa consegue alguém (ou acha que está nascendo um grandeamor), fecha os olhos para a realidade e começa a viver um sonho, trancado em si.Mesmo, nos quartos e no seu egoísmo, a pessoa transfere toda a suacarência para o (a) parceiro (a), transfere a responsabilidade de ser feliz parauma pessoa. Que na verdade ela mal conhece. Então, um belo dia, vem o espanto, a realidade, o caso melado, o "falso amor" acaba, e você que apostoutodas as suas fichas nesse romance fica sem chão, sem eira nem beira, e o pior:muitas vezes fica sem vontade de viver.Pobre povo desse século da pressa!Precisamos urgentemente voltar o costume "antigo" de "ter tempo", de darum tempo para o tempo nos mostrar quem são as pessoas.Namorar é conhecer, é reconhecer, é a época das pesquisas, do reconhecimento...Se as pessoas não se derem um tempo, não buscarem se conhecer mais,logo em breve teremos milhares de consultórios lotados de "depressivos" ecemitérios cada vez mais cheios de suicidas "seres cansados de si mesmos...". Faça um bem para si mesmo e para os outros, quando iniciar umrelacionamento procure dar tempo para tudo: passeie muito de mãos dadas, converse maissobre gostos e preferências, conheça a família e mostre a sua, descubra os hábitos e costumes.Parece careta demais? Que nada, isso é a realidade que pode salvar orelacionamento e muitas vidas.Pense nisso e se gostar, passe essa mensagem para frente; quem sabe sejuntos, não ajudamos alguém carente de amor a encontrar um motivo para ser feliz?Muita pretensão? Não; é vontade de te ver feliz.

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