domingo, 24 de junho de 2018

Minhas considerações sobre morar fora do seu país de origem

A quem está disposto a mudar do seu país de origem (seja do Brasil para a Itália, Portugal, ou qualquer outra mudança de país), gostaria de compartilhar com vocês a minha percepção a respeito do tema. Primeiro quero abrir um parênteses e dizer que quando você sai do seu país de origem, da sua zona de conforto, você tem que ter muito bem claro na sua mente que você está se inserindo a uma cultura diferente da sua e que quem tem que se adaptar é você, não o país para o qual você está se mudando! Parece óbvio, mas na realidade não é tão óbvio assim. Sem fazer juízo de valores, infelizmente, vejo muita gente não tendo muita essa noção na prática e querem incutir a sua cultura (e costumes) a todo custo na sociedade que ele escolheu para viver. É natural, que, em processo de adaptação (que varia muito de pessoa para pessoa e depende de vários fatores), hajam dificuldades (e com certeza haverão). Vamos dar muitos “vacilos” sim, porque estamos reaprendendo algo. E reaprender é muito mais difícil do que aprender. Demanda muito mais tempo, paciência, dedicação. Mas o que eu cito aqui é a disponibilidade em (re) aprender, se (re) organizar, se (re) formular e se (re) construir, (re) adaptar: é para isso, que quem está saindo do seu país de origem para uma nova realidade, tem que estar aberto! Nesse outro país as regras de sociedade, leis, costumes são, obviamente diferentes do seu país de origem (talvez não muito, mas sempre há diferenças). Não estou aqui entrando no mérito se você deve ou não deixar sua essência de lado, nem, tampouco, aceitar/se submeter a situações que estejam em conflito com seus valores e/ou princípios! Como eu disse anteriormente, não vou fazer juízo de valores, até porque, cada um sabe “onde seu calo aperta”, sabe da sua necessidade e do preço que está disposto a pagar pela consequência das suas escolhas! Bom, dito isso, e fechando os parênteses, quero falar da minha percepção de quem mora, trabalha e estuda fora do meu país de nascença, o que eu acho que é imprescindível, e o faz tornar mais respeitado e, consequentemente, sua adaptação ser menos penosa: 1) Seja SEMPRE honesto, ético e verdadeiro em sua conduta. Não diga que sabe fazer algo que não sabe (só porque precisa daquela oportunidade), não invente qualificações nem atribuições. Porque elas serão testadas e/ou confirmadas. E você nunca perde por estar correto e não ceder seu direito a ninguém, mas pode perder oportunidades e credibilidade se não tiver uma boa conduta. Vou dar um exemplo que aconteceu comigo: estava disposta a trocar de emprego e disponível a trabalhar em algo que estivesse próximo a minha casa, mesmo que não fosse na minha área. E ao lado da minha casa (não chega a 100 metros de distância) tem um café que estava com uma placa com o dizer: “Precisa-se de empregada com experiência”, mas não dizia experiência em que, especificamente. Pedi para falar com a dona (que eu não conhecia) e ela me perguntou se eu já havia trabalhado em café. Respondi que não, mas que já tinha trabalhado em restaurante, quando ela me perguntou se eu sabia fazer pastel, se já tinha trabalhado com pastelaria (eu, embora achasse aqui simples de fazer, falei a verdade, que não, mas que poderia aprender). Ela olhou fixamente para mim e disse: “olha, eu quero alguém que saiba fazer, porque eu estou entrando em férias e não tenho tempo para ensinar. Gostei da sua honestidade. Em uma outra oportunidade, eu terei a maior satisfação em poder te ensinar”. Resultado: sai de lá sem emprego, mas com credibilidade. E, em uma oportunidade futura, ela vai lembrar de mim, com certeza. 2) Falar BEM a língua do país que você vai morar é imprescindível, caso você não queira estar frágil perante uma situação, nem “ser enrolado”. A flexibilidade; o “jeitinho”; o bom humor; o “portunhol”; falar através de mímica; apontar; etc, te salva de muita coisa, realmente, mas, principalmente em questões burocráticas (como em serviços públicos, por exemplo) quem está ali trabalhando, muitas vezes, não tem muito tempo nem paciência para tentar te entender não. Falar uma segunda língua então (como inglês), por exemplo, te salva de muita coisa. Por exemplo: na Itália não se tem o hábito de se falar inglês (somente italiano, mas que vem mudando com as novas gerações e, em lugares mais turísticos é um pouco mais comum falarem inglês), já em Portugal já existe essa opção da língua inglesa/americana em vários lugares que se frequenta, principalmente os mais visados/turísticos. Na França, fale francês ou não se comunique...rs. Conhecer bem a cultura do seu novo pais te qualifica a se preparar mais! Saber se comunicar é ter poder! 3) Nunca confie só na sorte! Por maior e melhor que seja o planejamento que você faça, a probabilidade de acontecer algo fora dos planos é gigantesca, portanto tenha sempre o plano B, C, D, E… 4) Esteja aberto às diferenças!Por mais que você ache que uma pessoa seja chata ou grossa (enfim, qualquer qualificação que não fira seus valores e princípios), tente ler nas entrelinhas e ser empático (e simpático também). Talvez seja exatamente essa pessoa quem é a peça do quebra-cabeça que você busca! 5) Existem “pessoas boas” e de má índole em qualquer lugar do mundo! Portanto, esteja atento e não ache que você está indo para um paraíso onde tudo funciona milimetricamente (até porque não somos exatos, mas complexos) correto, sem nenhum problema. Existem lugares mais organizados do que outros, mas pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo e tem qualidades boas e ruins também! 6) O sol nasceu para todo mundo (bem como a sombra), então existe lugar para todos nesse mundão enorme! Não precisa de ninguém querer ocupar o espaço de ninguém, nem, tampouco, disputar com ninguém! Somos todos iguais em nossas diferenças e estamos todos no mesmo barco (vida) e não sairemos vivos dessa...rs...juntos somos mais, sempre! Cada qual com a sua habilidade, suas qualificações. Em parcerias nos completamos com o melhor que cada um pode ceder a relação! 7) Às vezes você fica pensando nas suas contas para pagar, que tem que dar certo a todo custo naquele trabalho, no que se propôs a fazer e, no desespero, mete os pés pelas mãos. Calma, respira, as coisas dão certo com o tempo. Vá plantando, um dia a colheita vem. Eu sei que é difícil (ainda mais nessa sociedade extremamente competitiva em que vivemos, que temos que ser perfeitos, mas nunca seremos...rs), mas temos que começar a doutrinar nossas mentes e treiná-las para respeitar o tempo de tudo. Quando falo isso, lembro de uma história de criança, sobre o casulo e a borboleta (que já posto aqui). 8) Acredite em você! Nos seus objetivos, na sua caminhada. Não saia do seu foco dando ouvidos a quem te critica, desmerece ou ofende gratuitamente (e, na maioria as vezes, sem te conhecer de fato), simplesmente por cobiçar o que você conquistou e/ou não ter a mesma garra que você! Já disse isso aqui, mas não custa reafirmar: a fim de colher bons frutos, não se atira pedras em árvores que não os dão! 9) Às vezes você é “gente boa” com alguém e esse alguém quer se aproveitar da sua boa vontade. Esteja atento para o que é, de fato, necessidade e não apenas capricho e abuso disfarçados! 10) Não desista! Desanimar, tudo bem!Faz parte! Chore tudo o que tenha para chorar, desabafe, se permita ficar de “bode”...rs...mas, depois, levanta, sacode a poeira e siga!Afinal, o que te trouxe até aqui?Se você teve a disponibilidade, coragem e disposição de sair da sua zona de conforto para chegar até aqui, é sinal de que você quer mudar de vida. E mudar não é fácil mesmo: nem sempre, na verdade, quase nunca, será fácil! Mas, como nos ensina Walt Disney em seus filmes infantis: “se está difícil e ruim é porque não chegou ao final. Tudo dá certo no fim, basta ter persistência, perseverança, fé e dedicação! No mais, força na peruca e “andiamo” tendo a linha como referência, porque senão o trem (como boa mineira...rs) passa em cima da gente...kkkkkkk

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